Brasília, segunda-feira, 13 de outubro de 2025 - 14:30
“Honestino” emociona e é aplaudido de pé no Festival do Rio
Documentário-ficcional revive trajetória do estudante da UnB morto pela ditadura militar (1964-1985) e reforça grito por memória e justiça: “Sem anistia!”

O documentário-ficcional “Honestino”, dirigido por Aurélio Michiles, foi exibido na sexta-feira (10), na mostra Première Brasil Debates do 27º Festival do Rio. Aplaudido longamente, o filme emocionou o público, que encerrou a sessão aos gritos de “Sem anistia! Sem anistia!”. O filme é resgate de memória histórica brasileira recente.
A produção marca a estreia internacional do longa e retrata a vida de Honestino Guimarães, estudante da UnB (Universidade de Brasília) sequestrado e morto aos 26 anos pela ditadura militar (1964-1985).
A obra nasceu do desejo antigo de Michiles — amigo e companheiro de militância do jovem — de registrar a história dele, reacendido após a reinauguração da Ponte Honestino Guimarães, em Brasília.
“Houve um canto da sereia reacionária que seduziu corações e mentes, trazendo de volta quem enaltece a tortura e a ditadura”, disse o diretor, em referência ao período entre 2015 e 2022, marcado por retrocessos democráticos.
O jovem e o revolucionário
Gravado em locações simbólicas de Brasília, como a UnB e a W3, o filme mostra o líder estudantil entre a repressão e a ternura: o militante, o amigo, o pai e o poeta.
“Ele celebrava a vida, e isso a ditadura não podia permitir. Nosso dever é impedir que ela volte a roubar essa alegria”, declarou Michiles ao canal Fazendo a Parte.
Durante bate-papo com a plateia, o ator Bruno Gagliasso, que interpreta Honestino, reforçou: “Coragem também é um ato de amor. Honestino vive.”
Linguagem híbrida
O filme mistura ficção e documentário, com montagem de André Finotti, vencedora do Troféu Redentor.
A narrativa costura depoimentos de familiares, amigos, políticos e militantes — entre eles Almino Afonso, Franklin Martins, Jorge Bodanzky e Betty Almeida, biógrafa do estudante — às cenas ficcionais que reconstituem sua trajetória.
Militância e perseguição
Nascido em Itaberaí (GO), em 1947, Honestino mudou-se ainda jovem para Brasília, onde iniciou a militância estudantil. Foi presidente do Diretório de Geologia da UnB, da Feub (Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília) e da UNE (União Nacional dos Estudantes), tornando-se um dos principais nomes da resistência ao regime de exceção.
Preso várias vezes e expulso da universidade em 1968, mudou-se para São Paulo, com Isaura Botelho, com quem teve uma filha, Juliana Guimarães. A última prisão dele ocorreu em 10 de outubro de 1973 — há 52 anos. Corpo de Honestino nunca foi encontrado.
A mãe de Honestino — Maria Rosa Leite Monteiro — ou simplesmente D. Rosa, como era conhecida — até antes de morrer, em 2012, quando morava no Guará 2, dormia com as portas de casa abertas na ilusão materna de Honestino voltar. Mas ele não podia, pois a ditadura o assassinou.
A morte de Honestino foi reconhecida oficialmente apenas em 1996, e em 2013 ele foi declarado anistiado político, pela Comissão de Anistia.
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