ENSINO BÁSICO
Com fecundidade em queda, é hora de investir mais na educação
Para um país que gasta tão pouco por aluno na educação básica, a queda das matrículas, especialmente no ensino fundamental, é uma oportunidade única de se aproximar do investimento de países desenvolvidos na infância.
Essa diminuição é, em parte, resultado da redução da taxa de fecundidade. Em 1980, o IBGE calculou uma média de 4,4 filhos por mulher. Em 2008, esse número caiu para 1,9.
A população de zero a cinco anos no início da década de 80 chegava a 20 milhões. No ano passado, eram 16,5 milhões, e as projeções indicam que continuaremos em queda.
Com uma demanda menor, surge a oportunidade de ampliar a cobertura onde ela ainda é insuficiente - caso das creches- e de aumentar o gasto por aluno no fundamental.
Uma recente comparação divulgada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que, de 30 países analisados (na maioria, nações desenvolvidas), o Brasil apresentava o maior desnível na relação entre gastos nos ensinos fundamental e superior.
Aqui, o investimento por aluno no fundamental representa 15% do per capita em universidades públicas.
Numa comparação em dólares que considera o custo de vida em cada país, o aluno do ensino fundamental brasileiro custa US$ 1.566 por ano, enquanto a média dos países da organização é de US$ 6.437.
Já no ensino superior, nosso investimento no setor público chega a US$ 10.294 por estudante, próximo da média de US$ 12.336 da OCDE.
Pode-se discutir por esses dados se estamos gastando bem ou mal no superior, mas não há dúvidas de que é urgente aumentar o investimento nos níveis básicos.
Como repetem muitos demógrafos, ao diminuir a fecundidade, a população fez a sua parte. Chegou a hora de o poder púbico fazer a dele.

