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Publicado: 5-ago-2011 - às 12:39
Atualizado: 6-ago-2011


TROCA

Nelson Jobim pede demissão e Amorim assume Defesa

Após várias situações que causaram desconforto à presidente Dilma, Jobim deixa Ministério da Defesa. Na semana passada, o ex-ministro revelou que, na última eleição presidencial, votou em José Serra por razões pessoais

Fonte: Agência Brasil, com Valor Econômico

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Ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim

O Palácio do Planalto confirmou, nesta quinta-feira (4), a saída do ministro da Defesa, Nelson Jobim. O ministro, que estava em Tabatinga (AM), na fronteira do Brasil com a Colômbia, teve que antecipar o retorno a Brasília, chamado pela presidenta Dilma Rousseff.

A ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, informou que o ex-chanceler do governo Lula, Celso Amorim, vai ser o novo ministro da Defesa.

A situação de Jobim se deteriorou depois que foram divulgados trechos de uma entrevista dele à revista Piauí, que circula nesta sexta-feira (5), com críticas ao governo e, em especial, à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

Na entrevista, Jobim disse que Ideli é uma ministra "muito fraquinha" e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, "não conhece Brasília".

Não foi a primeira vez que Jobim causou desconforto à presidenta Dilma. Na semana passada, o ex-ministro revelou que, na última eleição presidencial, votou em José Serra por razões pessoais.

A reunião entre Jobim e Dilma durou menos de cinco minutos, segundo assessoria do Planalto. Em sete meses de governo, Jobim é o terceiro ministro a deixar o governo.

O primeiro a sair foi Antonio Palocci, que deixou o cargo em meio a suspeitas de tráfico de influência. Também afastado por suspeita de corrupção, o ministro Alfredo Nascimento saiu do Ministério dos Transportes no mês passado.

Dilma também alterou a articulação política do governo, remanejando o ministro Luiz Sérgio para a Secretaria da Pesca e levou a ministra Ideli para a Secretaria de Relações Institucionais.

Ainda na quinta (4), Dilma se reuniu com as ministras Ideli, Gleisi, e Helena, além do ministro Gilberto Carvalho para tratar da demissão de Jobim. A conclusão dessa reunião teria sido pela demissão.

Dilma pediu um exemplar da revista e, somente depois de ler a íntegra da entrevista decidiu ligar para o ministro e avisá-lo sobre a demissão. A pedido de Dilma, Jobim, que estava em Tabatinga (AM), fronteira com a Colômbia, antecipou seu retorno à Brasília.

Quem deixa o Ministério
Nelson Jobim deixou o Ministério da Defesa pouco mais de quatro anos após ter assumido o posto. Ele foi convidado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a substituir o então ministro Waldir Pires, em julho de 2007, quando o governo enfrentava o caos aéreo.

Filiado ao PMDB, Jobim foi presidente do Supremo Tribunal Federal (2004-2006) e ex-ministro da Justiça do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1997). Tem prestígio com os militares por sua postura conciliadora e em defesa das tropas.

O ex-ministro foi contrário à criação da Comissão da Verdade, proposta contida no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) que tem o objetivo de investigar os crimes ocorridos durante a ditadura militar. Essa posição ocasionou mal-estar com colegas de governo, mas serviu para reforçar seu prestígio com os militares.

Novo ministro da Defesa
Celso Amorim é formado no Instituto Rio Branco. É pós-graduado em Relações Internacionais pela Academia Diplomática de Viena, na Áustria.

Amorim é também membro permanente do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). Foi ministro das Relações Exteriores em duas oportunidades.

Entre 1993 e 1994, no governo Itamar Franco, e de 2003 até o final de 2010, no governo Lula.

Amorim foi representante permanente do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), de 1995 a 2001, e embaixador no Reino Unido, entre 2001 e 2002.