ELEIÇÕES 2010
Roriz busca apoio político para concorrer ao governo do GDF
Em litígio com o PMDB-DF, ex-governador tenta se aproximar até mesmo de rivais como o PT e o PSB
A aflição de Joaquim Roriz (PMDB) em se viabilizar para as eleições de 2010 tem orientado os passos do ex-governador cada vez mais à esquerda.
Nos bastidores ou mesmo de portas escancaradas para fotos, o peemedebista não esconde que a sua rede de sustentação pode ser tecida por legendas que historicamente ele rechaçou, como o PT e o PSB.
O encontro de ontem é uma prova aparente dessa nova fase do peemedebista. Por duas horas e meia, ele recebeu em sua casa, no Park Way, o presidente do PSB no Distrito Federal, deputado federal Rodrigo Rollemberg.
Durante a reunião, Roriz reproduziu a Rollemberg os cenários que considera para a próxima eleição.
Num deles, o peemedebista aparece como aliado dos partidos de esquerda. Segundo as análises de Roriz, a composição no DF poderia ser um espelho da coligação nacional montada para apoiar a campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Isso ajudaria o ex-governador nos argumentos que arregimenta para se manter no PMDB (1) e conseguir do partido a indicação para concorrer ao governo local.
A hipótese de sair candidato pelo nanico PSC tem sido tratada no grupo do político como um plano B e, só se confirmará, quando sentir que não tem mais nenhuma chance de disputar pelo PMDB.
Aliados de Roriz uniformizaram discurso de que a rixa dele com o PT é coisa do passado. "Se é que um dia ela foi tão marcante assim. Só para se ter uma ideia, o Roriz foi o fundador do PT em Luziânia", recorda um colaborador do pré-candidato ao Buriti em 2010.
A despeito de ter um dia feito parte da legenda, os principais embates públicos de Roriz foram com os grupos de esquerda, especialmente com Cristovam Buarque, que governou o Distrito Federal pelo PT entre 1995 e 1998.
Em busca de apoio
Seguindo a estratégia de se aproximar do grupo que pode lhe abrir portas, Roriz tem tentado dialogar até mesmo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo um interlocutor do governador, ele teria procurado dois ministros para pedir apoio e oferecer em troca a possibilidade de um palanque para Dilma.
Além disso, Roriz também tem conversado com o pré-candidato do PT ao GDF Agnelo Queiroz, sobre a possibilidade de uma aliança.
Por enquanto, o que está acertado no fio do bigode é que se um dos dois fosse para o segundo turno contra o governador José Roberto Arruda, o outro entraria na composição para o tira-teima.
O grupo de Roriz faz questão de frisar essa possibilidade e Agnelo disse ao Correio recentemente que não descarta a hipótese.
Os encontros que Roriz tem mantido com políticos mais à esquerda, ao exemplo do de ontem, têm um objetivo prático de aferir o grau de reciprocidade na estratégia de se colar aos partidos de esquerda.
Rodrigo Rollemberg, por exemplo, se sentiu lisonjeado com a porção de elogios que o ex-governador despejou em seus ouvidos. O deputado devolveu o agrado deixando as portas abertas para conversas futuras.
"Bem, por enquanto, eu falei para o ex-governador que o partido está mais inclinado mesmo a fechar com Agnelo." Dentro da lógica de Roriz(2), até aí tudo bem. Ele só precisaria se incluir nessa coligação.
1 - Intervenção
Uma ação apresentada pelo grupo de Roriz ao comando da sigla pede a retirada do deputado federal Tadeu Filippelli da presidência do PMDB local a partir de uma intervenção no diretório regional.
2 - Viagem
O ex-governador vai passar quase duas semanas fora do país, nos Estados Unidos, onde visitará os netos. Pretende voltar entre 4 e 5 de agosto, justamente no período de desfecho do pedido de intervenção do PMDB.

