REFORMA UNIVERSITÁRIA
Meia-entrada e reconstrução de sede são prioridades do novo presidente da UNE
CTB
Batalhar pela reforma universitária, reconstruir a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Rio de Janeiro e regulamentar a meia-entrada são as três prioridades definidas pelo novo presidente da entidade, Augusto Chagas, eleito nesse domingo (19) para dois anos de gestão.
A chapa dele, Avançar nas Mudanças, que também é a da presidente anterior, Lúcia Stumpf, obteve 71,84% dos 2.809 votos de delegados estudantis de todo o país. A chapa vencedora foi composta por representantes do PCdoB, PT, PMDB, PTB e PSB nas universidades.
O pleito ocorreu no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, no encerramento do 51º Congresso da UNE, e teve a apuração dos votos concluída somente perto do fim da noite.
O novo presidente da organização tem 27 anos e cursa sistema de informações na Universidade de São Paulo (USP), depois de já ter estudado ciências da computação na Universidade Estadual Paulista (Inesp) de Rio Claro e direito nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), sem concluir a graduação.
Sobre a aprovação no Congresso da reforma universitária, estabelecida na plenária final do congresso como principal prioridade da UNE, Augusto Chagas destacou a proibição de capital estrangeiro no sistema educacional brasileiro, além de maior autonomia dos alunos dentro das universidades particulares.
"Os alunos das instituições privadas não têm voz nem direito a voto para a escolha de seus representantes internos", criticou.
Mudanças
A novidade nesta gestão ficará por conta da presença da UNE no pleito de 2010 com a elaboração de um projeto de País que será encaminhado a todos os candidatos, com garantias de aprofundamento das mudanças, com mais investimentos para educação e mais políticas públicas para a juventude.
A entidade estudantil, que não se compromete com nenhum candidato, mas com projetos políticos, vai realizar um plebiscito, no próximo ano, para saber qual atitude tomar com relação às eleições presidenciais a partir da posição dos estudantes brasileiros.
Também foi aprovada a organização da um conselho fiscal e editorial, que permita um acompanhamento da sociedade civil dos gastos e materiais informativos da entidade, "ampliando a transparência do gerenciamento de seus recursos e de seu material informativo", explica Lúcia Stumpf, ex presidente da entidade.
Mulheres
Durante a votação, as mulheres candidatas tiveram espaço para se manifestar sobre a questão de gênero.
As candidatas chamaram atenção para a necessidade de mais debate sobre o assunto e da incorporação dos homens nessa discussão.
Segundo elas, a construção de uma sociedade igualitária é responsabilidade de todos e todas.
As mulheres também lembraram que são maioria na sociedade e no ensino superior e por isso, devem ocupar mais espaço de poder.
Para construir uma sociedade igual, elas sabem que precisam ocupar espaço de poder. E conclamaram as companheiras a participar mais da luta e dos eventos políticos.
Os discursos incluíram ainda questões específicas, como a necessidade de creche nas universidades. E o combate a toda forma de agressão física, moral e sexual contra a mulher.
Reconstruir
A reconstrução da sede já teve um passo decisivo. Recentemente a entidade recuperou a posse do terreno onde ficava a sua primeira sede, destruída durante a ditadura militar.
O projeto do prédio que a entidade pretende erguer já está pronto e foi doado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O valor da obra está orçado em R$ 30 milhões.
"O projeto traz uma torre comercial com um centro cultural no fundo do terreno", descreveu Chagas.
Quanto ao pagamento de meia-entrada em eventos culturais, a UNE pretende estabelecer um marco regulatório. Atualmente, segundo o novo presidente, não há mecanismos para saber quem tem direito ao benefício.
"Fazem um grande show e dizem que, se levar um quilo de alimento, paga meia-entrada. Então, a meia-entrada vira inteira".
Ele também afirmou que é contra o projeto de lei, já aprovado no Senado, que propõe uma cota de 40% da bilheteria para o benefício.
Em relação ao patrocínio público a entidades estudantis, Chagas disse ser legítimo e não considera que influencie a pauta de reivindicações.
"Os movimentos estudantis sempre construíram suas pautas independentemente do patrocínio. Eu acho dever do Poder Público patrocinar as atividades estudantis", afirmou.

