Saep DF
Publicado: 7-jun-2010 - às 18:0


SAÚDE DO TRABALHADOR

Profissões que abusam da fala exigem cuidados. Veja as dicas

Rouquidão e pouca intensidade vocal são comuns entre profissionais que dependem da voz para trabalhar. A maioria enfrenta esses problemas por não tomar cuidados básicos, como beber água

Fonte: CorreioWeb

Em determinadas profissões, a voz representa um importante instrumento de trabalho. Professores, monitores em educação, atendentes de telemarketing, telefonistas, cantores, atrizes são alguns exemplos.

Por isso, é fundamental que tais profissionais tenham o mínimo de conhecimento sobre a produção vocal, assim como os cuidados necessários para manter uma voz sempre saudável.

As maiores queixas nos consultórios de fonoaudiologia são rouquidão, perda de voz, baixa intensidade vocal e dores durante a fala. Quem confirma isso é o fonoaudiólogo Danilo Montovani.

"A incidência de casos com alterações de pregas vocais acarretando disfonias — as alterações na qualidade vocal — e até mesmo a afonia — perda total da voz — é relativamente alta no meu consultório."

Falar alto o tempo todo e, na maioria das vezes, tentar se sobressair perante uma turma de 30 alunos deixa a professora Fátima Rodrigues quase sem voz quando chega o fim da semana.

"Dou aula para crianças do ensino fundamental. Muitas vezes, preciso competir com a gritaria deles para que eu possa ser escutada. Isso desgasta muito a minha voz", afirma.

Depois de tanto forçar a garganta, o diagnóstico quase sempre fica entre dois problemas: nódulos ou fendas vocais. Foi o que aconteceu com a atriz Ana Paula Resende.

Ao ser convidada para participar de um musical, ela não conseguia usar a voz adequadamente na hora de cantar, o que acabou a desgastando. Depois disso, não deu outra: os popularmente conhecidos calos vocais.

"Procurei uma fonoaudióloga e fiz um tratamento específico. A disciplina é essencial para obter êxito. No meu caso, acabei faltando a algumas sessões e o resultado foi péssimo. Caí para reserva do elenco do musical", lamenta.

Sem cirurgia
Por isso, o fonoaudiólogo Montovani sugere o acompanhamento sempre. Caso a rouquidão persista por mais de 15 dias, é recomendável que um especialista seja procurado.

"As alterações de pregas vocais causadas pelo mau uso vocal ou por alterações fisiológicas são tratadas a partir da intervenção terapêutica fonoaudiológica", diz Montovani. Segundo ele, as patologias vocais ocupacionais raramente precisam de intervenção cirúrgica.

Montovani recomenda ainda que o uso de balinhas e sprays deve ser evitado. "Geralmente, eles contêm álcool em sua composição, que promove efeito anestésico nas pregas vocais."

E acrescenta: "isso diminui a sensação de desconforto durante a fala e as pessoas cometem muitos abusos vocais, já que não sentem mais a dor", explica.

Terminado o efeito anestésico, a sensação de desconforto volta, fazendo com que esses produtos tenham um efeito apenas paliativo.

Confira dicas que podem evitar o surgimento de problemas vocais:

- Beba em média dois litros de água por dia. De preferência, em temperatura ambiente. Enquanto estiver falando, beba alguns goles de água.

- Evite sempre que possível qualquer competição sonora. Gritar provoca intenso atrito nas pregas vocais, o que pode lesioná-las.

- Prefira locais com temperatura ambiente. O ar condicionado em baixa temperatura é um inimigo para as cordas vocais.

- Não fume. A fumaça do cigarro irrita a mucosa da laringe, além de ressecá-la. As bebidas alcoólicas também devem ser evitadas, pois anestesiam a voz e diminuem a sensibilidade.

- Evite o consumo de leite, chocolate e seus derivados antes de intensa atividade vocal. Sucos e frutas cítricas são bem-vindos. A maçã também é boa aliada da voz. Alimentos fibrosos são adstringentes, ou seja, limpam a boca e a faringe.

- Articule bem as palavras e use expressões faciais para evitar o abuso vocal.